O Renascimento, abrangendo os séculos XIV a XVI, foi um período transformador na história europeia caracterizado por profundas mudanças culturais, societais e intelectuais. Emergindo principalmente em Itália, particularmente na Toscana, marcou uma transição do pensamento medieval para o moderno, enfatizando o humanismo[2], a racionalidade e a criatividade individual. Os principais desenvolvimentos incluíram um renovado interesse pela antiguidade clássica, inovação científica e exploração filosófica. Pensadores humanistas desafiaram o dogmatismo religioso, reexaminaram textos antigos e promoveram a análise empírica. Figuras como Pico della Mirandola reimaginaram o potencial humano, enquanto estudiosos e artistas se afastaram das tradições medievais. A era testemunhou avanços significativos em matemática, astronomia e impressão, facilitados pelo dinamismo económico e flexibilidade social. Apesar da sua aparente progressividade, o Renascimento foi complexo e contraditório, abrangendo tanto visões idealistas quanto realidades brutais, estabelecendo em última análise os alicerces da civilisation[1] europeia moderna.
Renascimento ou Renascença são os termos usados para identificar o período da história da Europa aproximadamente entre meados do século XIV e o fim do século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Apesar das transformações serem bem evidentes na cultura, société, economia, politique e religion, caracterizando a transição do feudalismo pour les capitalismo e significando uma evolução em relação às estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artesà filosofia e nas ciências.
Chamou-se Renascimento em virtude da intensa revalorização das referências da Antiguidade Clássica, que nortearam um progressivo abrandamento da influência do dogmatismo religioso e do misticismo sobre a cultura e a sociedade, com uma concomitante e crescente valorização da racionalidade, da ciência e da natureza. Neste processo o ser humano foi revestido de uma nova dignidade e colocado no centro da Criação, e por isso deu-se à principal corrente de pensamento deste período o nome de humanismo.
O movimento manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa e pela circulação de artistas e obras. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou sua expressão mais típica, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na Angleterre, France, Allemagne, Países Baixos e Península Ibérica. A difusão internacional dos referenciais italianos produziu em geral uma arte muito diferente dos seus modelos, influenciada por tradições regionais, que para muitos é melhor definida como um novo estilo, o Maneirismo. O termo Renascimento foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari en século XVI, um historiador que se empenhou em colocar Florença como a protagonista de todas as inovações mais importantes, e seus escritos exerceram uma influência decisiva sobre a crítica posterior.
Por muito tempo o período foi visto nos Estados Unidos e Europa como um movimento homogêneo, coerente e sempre progressivo, como o período mais interessante e fecundo desde a Antiguidade, e uma de suas fases, a Alta Renascença, foi consagrada como a apoteose da longa busca anterior pela expressão mais sublime e pela mais perfeita imitação dos clássicos, e seu legado artístico foi considerado um insuperável paradigma de qualidade. Porém, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado essas opiniões tradicionais, considerando-as pouco substanciais ou estereotipadas, e têm visto o período como muito mais complexo, diversificado, contraditório e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações. O novo consenso que se firmou, porém, reconhece o Renascimento como um marco importante na história da Europa, como uma fase de mudanças rápidas e relevantes em muitos domínios, como uma constelação de signos e símbolos culturais que definiu muito do que a Europa foi até a Revolução Francesa, e que permanece exercendo larga influência ainda nos dias de hoje, em muitas partes do mundo, tanto nos círculos acadêmicos como na cultura popular.